O Mercado Visto da Rua: Consolidar, Crescer ou Mudar?

📍 2 de agosto de 2025. Estou sentado no aeroporto de Gatwick, à espera do voo de regresso a Lisboa.

Depois de meses com total foco em contratar, executar e entregar, esta semana consegui, finalmente, abrir espaço para parar — e pensar.

É incrível o que acontece quando desligamos (mesmo que parcialmente).

Os pensamentos disparam, as emoções acumulam-se, e rapidamente ficamos presos numa teia de dúvidas, ideias e memórias:

• O que correu bem? O que correu mal?

• Onde estou agora? Onde quero chegar?

• O que tenho de fazer para atingir os objetivos?

• Será que consigo? E se não conseguir?

• Estou no caminho certo ou completamente ao lado?

Pois… é difícil perceber.

É uma questão de perspetiva.

Durante vários anos fui freelancer, ou melhor, praticamente durante todo o meu percurso profissional. Isso obrigou-me a desenvolver uma certa capacidade de resolver problemas quando tudo parece perdido.

Entre alguns prós e contras, "carrego" um desafio importante: preocupo-me genuinamente com as pessoas com quem trabalho, e tenho medo de falhar. Ainda não aprendi a gerir totalmente o peso emocional que isso implica.

No último ano, ouvi demasiadas vezes:

“André, não podes salvar o mundo. Se fizeres de outra forma, podes beneficiar muito mais.”

Até pode ser verdade. Mas, para isso, teria de deixar de ser quem sou.

E, sinceramente, não estou preparado para isso.

Não nasci para parecer. Nasci para ser.

Com todos os defeitos e feitios, continuo a acreditar que é possível construir uma marca sólida sem abdicar de determinados princípios.

Ingenuidade? Teimosia? Talvez. Mas é isso que me faz continuar.

Depois de vários anos a trabalhar em diferentes áreas do setor imobiliário — e depois de várias desilusões consecutivas e perdas importantes —, no final de 2023 tomei uma decisão:

Transformar conhecimento prático em serviços com verdadeiro valor acrescentado.

O meu objetivo era claro:

Participar em projetos imobiliários com alguma escala, mesmo sem ter capital suficiente para investir.

A solução? Criar valor antes do investimento.

Provar que consigo ajudar a maximizar os resultados dos projetos.

Para isso, desenvolvi um modelo de relatório com inputs práticos, recomendações estratégicas e análise de risco.

A lógica era simples: se eu conseguir ajudar os clientes a pensar melhor, talvez queiram que eu os ajude também a executar melhor.

E foi exatamente isso que aconteceu.

Relatório a relatório, cliente a cliente, as portas foram-se abrindo.

“Já planeou. Agora execute.”

Num desses momentos, ouvi de um cliente:

“André, já tenho uma explicação clara do que preciso de fazer. Já que planeou tudo, não pode agora executar também?”

Foi assim que comecei a perceber o verdadeiro potencial do que tínhamos entre mãos.

E com isso, fomos captando mais projetos e mais clientes.

Pelo caminho, fui-me juntando a pessoas com vontade de construir algo maior:

Pedro Almeida – a matemática corre-lhe nas veias. Ótima capacidade de análise de mercado e avaliação. Está a aprender a gestão de projectos imobiliários e, à medida que ganha confiança, vai revelando o seu verdadeiro potencial.

Gonçalo Carvalho Miguel – vem das relações internacionais. Tinha zero contacto com o setor. Hoje gere contactos, comunica com o mercado, investiga e escreve sobre temas críticos. Curioso, atento, e com enorme vontade de vencer. Nos próximos meses vão conhecê-lo melhor.

Miguel Amaral, AssocRICS – "parceiro de longa data", com quem partilho amizade, ética e experiência em transações complexas. Um reforço valioso.

Neste momento temos 23 processos ativos, em diferentes fases e com diferentes necessidades.

A equipa ainda é pequena, mas responde com dedicação, entrega e vontade de aprender.

Muitas vezes ouço:

“André, conseguimos fazer isto?”

E a minha resposta é quase sempre:

“Não sei. Mas vamos analisar e dar a nossa opinião honesta. Depois, o cliente decide.”

Até agora, temos acertado muitas vezes.

Mas sei que também vamos falhar. E quando isso acontecer, estaremos cá para dar a cara — sempre.

Atualmente, a visão está bem definida:

Continuar a prestar serviços de consultoria imobiliária e gestão de projecto.

Gera cash flow de curto prazo.

Reforçar a área de Capital Markets, focada na estruturação de operações complexas.

Gera cash flow de médio prazo e capacidade de investimento.

Desenvolver uma base sólida para actuar no Investimento e na Promoção Imobiliária.

É o verdadeiro objectivo da empresa.

Mas… é muita coisa para tão pouca gente.

“André, precisas de contratar.”

Certo. Mas contratar quem?

1. Formar talento – apostar em "perfis júniores", com potencial de crescimento a médio prazo?

2. Reforçar com especialistas – integrar profissionais experientes, que tragam valor imediato?

3. Trazer parceiros/sócios – com vontade e capacidade para fazer parte do negócio da Laplace Real Estate Intelligence , e que queiram também desenvolver o seu próprio percurso?

Ainda não tenho uma resposta fechada.

Mas há algo que já sabemos:

Precisamos de pessoas que pensem diferente, mas tenham princípios semelhantes.

Que tragam conhecimento, visão crítica, vontade de aprender — e, acima de tudo, vontade de fazer acontecer.

Se são arquitectos, engenheiros, deal makers, psicólogos, advogados ou pessoas sem um curso superior?

Sinceramente… não sei.

Mas se partilham o mesmo espírito de partilha e vontade de evoluir em conjunto, talvez devêssemos falar.

E se não encontrarmos essas pessoas?

Nesse caso, vamos ter de adaptar o modelo.

Talvez aceitar menos clientes de consultoria.

E focar mais no que já sabemos fazer bem: desenvolver, valorizar e promover projectos imobiliários.

Mas isso… vamos tentar perceber nas próximas semanas.

Até breve,

André Casaca

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